quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Os Pré-socráticos (Parte I)



Este trabalho iniciou-se a partir da tentativa de se construir uma síntese da História do Pensamento Ocidental. Não é um trabalho concluído, portanto está passível de alterações e pode conter erros. Devo lembrar que este trabalho está baseado em fichamentos da História da Filosofia – “Os Pensadores” - “História da Filosofia” (Reale) e ainda parte da “Paidéia” (Jaeger). Por se tratar de um trabalho informal, a bibliografia está colocada de maneira informal. Autor Gladstone Lima.

Os Pré-socráticos (Parte I)

I – DO MITO À FILOSOFIA

Desde a Antiguidade confrontam-se duas linhas de interpretação sobre o surgimento da Filosofia e da Ciência teórica: a dos “orientalistas”, que reivindicavam para as antigas civilizações orientais a criação de uma sabedoria que os gregos teriam apenas herdado e desenvolvido, e a das “ocidentalistas”, que viam na Grécia o berço da Filosofia e da Ciência teórica. Os próprios gregos dos séculos V e IV a.C., como Platão e Heródoto, estavam ciosos da originalidade de sua civilização no campo científico-filosófico, embora reconhecessem que noutros setores como na arte e na religião, os helenos tinham assimilado elementos orientais. No período helenístico, os gregos foram de certa maneira “corrompidos” ou “contaminados”, perdendo a sua “essência”.

Hare Crishina, deus indiano pode ser associado a Baco (grego) ou Dionísio (romano) deus do vinho?

No Reale (História da Filosofia) encontramos uma versão assumidamente “ocidentalista”, pois para ele “no que se refere a filosofia nos encontramos diante de um fenômeno tão novo que não apenas não tem uma correspondência precisa junto a esses povos, mas também não há tampouco nada que lhe seja estreita e especificamente análogo”. Na tentativa de contra-argumentar com qualquer tese “orientalista” o Reale apresentará quatro argumentos. Aqui está o resumo de três deles:

a) “na época clássica, nenhum dos filósofos ou historiadores gregos faz sequer o mínimo de aceno à pretensa origem oriental da Filosofia”. (Os primeiros a defender a tese de que a Filosofia derivou do Oriente foram alguns orientais (...))

b) “(...) os povos orientais possuíam uma forma de ‘sabedoria”, feita de convicções religiosas à que os próprios greggos posuíam antes de criar a filosofia, mas não uma ciência filosófica baseada no logos”.

“O que contribuiu talvez para essa notável conquista foi terem os gregos se libertado dos deveres sacerdotais e das rígidas doutrinas religiosas que cerceiam o pensamento. Talvez o pensamento especulativo grego fosse um produto da cidade, porque se a lei regia os negócios humanos, estabelecendo o equilíbrio e a ordem, não deveria também o universo ser regulado por princípios ordenadores?” (PERRY, Marvin. “Civilização Ocidental Uma História Concisa” . Ed. Martins Fontes, SP, SP)

c) “Não temos conhecimento da utilização, por parte dos gregos, de qualquer escrito oriental ou de tradução desses textos.

“Ao que sabemos, a Matemática egípcia consistia predominantemente no conhecimento de operações de cálculo aritmético com objetivos práticos, por ex.: medir certa quantidade de gêneros alimentícios, dividir um determinado número de coisas entre um número de pessoas. Assim, analogamente, a geometria deveria ter também um caráter prático, por ex.: a construção das pirâmides.

Está claro que desenvolveram uma atividade da razão. Mas reelaborados pelos gregos, aqueles conhecimentos obteram um salto de qualidade. Sobretudo através de Pitágoras e dos pitagóricos, os gregos transformaram aquelas noções em uma teoria geral e sistemática dos números e das figuras geométricas. Criaram uma construção racional orgânica, indo além dos objetivos práticos aos quais os egípcios parecem ter-se limitado.

O mesmo vale para as noções astronômicas. Os babilônios as elaboraram com objetivos predominantemente práticos, ou seja, fazer horóscopos e previsões”.

O principal aspecto da questão da origem histórica da Filosofia reside na compreensão de como se processa a passagem entre a mentalidade mito-poética (fazedora de mitos) e a mentalidade teorizante. A maioria dos historiadores admitem que somente com os gregos começa a audácia e a aventura expressas numa teoria, que resulta de longo processo de racionalização da cultura, acelerando a partir da demolição da antiga civilização micênica. A convergência de vários fatores – econômicos, sociais, políticos (grifo meu), geográficos – permite a eclosão do “milagre grego”.Posted by Hello

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